O início da semana foi de feriado para muitos, mas para os 40 selecionados para essa edição do Revelando os Brasis, os últimos dias foram de muito trabalho. Entre aulas práticas de fotografia e direção de arte e sessões de filmes até à noite, o grupo esteve mergulhado a fundo na linguagem cinematográfica.
Na manhã de segunda, dia 11, o grupo de alunos com projetos de documentários teve uma sessão de filmes apresentada e comentada pela cineasta Cristiana Grumbach, que mostrou o curta-metragem “A última fábrica”, de Felipe Nepomuceno, e partes dos longas “Aboio”, de Marílho Rocha, e “Jogo de cena”, de Eduardo Coutinho. O grupo ficou especialmente encantado pelo trabalho de Coutinho, um dos filmes mais comentados do cinema brasileiro recente. Sem ter ainda assistido ao filme todo, Antônio Elias da Silva, de Itapebi, Bahia, tentava descobrir o dispositivo do documentário, que coloca atrizes dando depoimentos ao lado de outras mulheres. “As aulas estão dando uma luz para nós”, disse Antônio, se referindo às novidades que os professores e os debates trazem para seu conhecimento do universo audiovisual. “Se eu fosse fazer meu projeto com o que eu sabia antes, ia ser uma bagunça. Agora eu tenho um olhar crítico, direcionado. Está até difícil de ver filme”, contou.
Já um dos grupos de alunos que está preparando projetos de ficção teve, à noite, uma sessão comandada por Eduardo Valente, que exibiu os curtas “Françoise” e “Janela aberta”, além de dois trabalhos de ex-alunos seus, da edição anterior do Revelando os Brasis, “Paixão e alegria” e “O barbeiro de São Pedro da União”. O grupo que assistiu aos filmes foi embalado pelo experimentalismo do que viu e aproveitou a sessão para apronfudar ainda mais ideias para seus próprios projetos.
Nas aulas de fotografia, os alunos colocaram a mão na massa, mexendo em câmeras, conhecendo de perto refletores e desenhando storyboards de seus próprios filmes. O grupo também levou mais a fundo seus conhecimentos da linguagem do cinema, se aprofundando nas noções de eixo, plano, contraplano, profundidade de campo etc. Arthur Leite, de Quixeré, Ceará, é um que confessa ter mudado tudo o que pensava para seu projeto depois das aulas de fotografia. “Antes eu queria adequar os cenários às pessoas. Agora quero adequar as pessoas aos cenários”, conta ele, que prepara o documentário “Mato alto – Pedra por pedra”, sobre a construção de um complexo arquitetônico feito com pedras, no início do século passado, por um único homem ao lado de seus filhos.
Já nas aulas de direção de arte, o grupo aprendeu noções de cor e textura da imagem, além de pensarem juntos cenários e figurinos de seus filmes. Hilda Maria dos Santos, de Terenos, Mato Grosso do Sul, contou que resolveu na aula uma de suas principais questões: como iniciar seu filme. O projeto “Enterro” é inspirado em acontecimentos de seus primeiros anos de casada, que se deram há quase 50 anos. E foi durante a aula que Hilda teve a ideia de começar o filme com objetos importantes desses anos de sua vida, como um quadro de um casal recebido de presente de namoro. Hilda é uma das alunas que tem aproveitado ao máximo cada aula. “Tenho perguntado muito”, conta.
Edição e finalização, as últimas fases da produção de um filme, serão os temas da próximas aulas, que prometem deixar fluir ainda muitos pensamentos e aflorar muitas novas ideias.