A paisagem da estrada já revelava uma rota muito charmosa. O nome Treze Tílias é uma homenagem ao poeta Wilhelm Weber, que era amante da tília, uma árvore grande e exuberante, bastante comum na Áustria. Trazida para o Brasil, a tília se adaptou muito bem nessa região.
Logo ao entrar na cidade, encontramos as primeiras casas com arquitetura típica, que valoriza e utiliza muito a madeira. Quase todas as casas têm uma pincelagem alpino tirolesa. Ao chegar no hotel, a sensação era de que seria perfeitamente possível estar na Áustria? com a diferença de que aqui, todos falam português.
O desafio da rota sul é a comunicação com o tempo. É preciso entender as tendências climáticas de cada lugar para prever as chuvas. Os moradores geralmente sabem de que lado a chuva vem. Em Treze Tílias, o dilema foi grande. O dia estava quente demais para a época do ano; o céu estava escuro em algumas partes, com suaves pingos de chuva. Alguns opinavam que choveria forte no final da tarde, outros pareciam mais otimistas.
E agora? A decisão foi pelo espaço fechado. Porém, o sol intensificou sua força e mostrou que a sessão de sexta-feira poderia ser uma noite de final de verão em Treze Tílias. A estreia do Filme “Vida em Tronco” foi em frente à Igreja Matriz, localizada no alto de uma colina, de onde se tem uma visão panorâmica de parte da cidade. O céu estrelado parece ter sido programado para essa noite.
O público foi recepcionado com apresentação de dança tirolesa pelo grupo infanto-juvenil Shuplater. Logo a seguir, o grupo de dança folclórica Lindental, que também aparece no filme, mostra mais um pouco da tradição e da cultura austríaca.
E para iniciar essa noite de exibições, o filme Raio X da Petrobras, que mostra um pouco dos bastidores do Revelando Brasis, é exibido no telão montado na praça, já com todas as luzes apagadas.
O apresentador e locutor Charles da rádio local, abre mais uma exibição do circuito Revelando os Brasis, e a diretora Keila Zanatto é convidada para falar da sua obra. Em um depoimento muito emocionado, a diretora fala sobre toda a trajetória do filme, sobre a alegria de poder ser uma “revelanda” e a importância do projeto para o acervo cultural brasileiro. Este também é um momento de agradecimentos, de lágrimas e risos.
Após as honras merecidas e as fotos que irão eternizar esse dia, chegou o momento que todos aguardavam. A diretora estava ansiosa e preocupada com a reação das pessoas. “Quando se faz um filme, o diretor organiza as cenas, monta do seu jeito, e isso pode agradar a um e a outro não”, declara.
A história das árvores e seus escultores ganhou forma perfeita em seu cenário original. Rostos sorridentes, felizes e curiosos, olhavam atentamente para o telão. Uma plateia animada de aproximadamente 400 pessoas ocupou a escadaria da igreja, os espaços da calçada e as cadeiras na praça. Aplausos emocionados no final do filme interrompem o silêncio dos apreciadores. Finalmente, a repercussão e a emoção das pessoas consolidaram o sucesso da obra. “A experiência de atuar como diretora foi a melhor coisa do mundo”, comemora Keila.
O público não deixou de prestigiar e aplaudir os outros filmes da programação e mesmo com o sereno da noite caindo? o espectadores ainda se deliciaram com as histórias e sabedoria de Brilhantino, encerrando assim mais uma noite cinematográfica do circuito. Chegamos ao Hotel Tirol para mais uma noite de descanso. Lá fora está chovendo?