Arroio do Sal é um município situado ao Litoral Norte do Rio Grande do Sul, a leste banhado pelo Oceano Atlântico, a oeste pela Lagoa Itapeva e entrecortado por inúmeros arroios. “Um lugar circundado por tanta água acaba influenciando o jeito de ser das pessoas, a economia, a cultura e a própria história da cidade”, relata a diretora Ana Beatriz Barbosa Ferreira, moradora selecionada pela quinta edição do Revelando os Brasis com a história Lavadeiras: o Viver das Águas.
A história – Segundo a pedagoga e professora do ensino fundamental, a importância da água para a vida do município orientou sempre o tipo de ocupação deste território desde o período marcado pela presença dos índios, que utilizavam as águas piscosas da Lagoa Itapeva e do mar, passando pelos veranistas, em busca das qualidades terapêuticas do mar e do arroio, até a atuação das lavadeiras.
A lavagem das roupas dos moradores e veranistas tornou-se referência na memória coletiva da comunidade. Com o objetivo de preservar o patrimônio imaterial, conta a professora, surgiu a ideia de resgatar as histórias vividas pelas lavadeiras do Arroio do Sal. “Foi uma época muito boa, mesmo pela simplicidade e pela beleza que era aquele colorido na beira do arroio, todos aqueles dias ensolarados […] aquele colorido das roupas no varal, para mim era beleza aquilo, porque hoje me deixa saudade…”, conforme relato de uma lavadeira ouvida pela diretora.
A obra audiovisual quer chamar a atenção para a importância do Arroio do Sal como bem natural, como recurso hídrico, e sensibilizar a comunidade para valorização do córrego e das lavadeiras. “Espero que dê tudo certo, que este patrimônio seja resgatado, que a comunidade e os familiares destas lavadeiras tenham orgulho do que elas representam para a cidade e que o filme possa ser exibido em mostras e festivais”, enfatiza Beatriz.
A diretora – Ana Beatriz estudou na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e se especializou na utilização do rádio, TV e vídeo como recursos pedagógicos em sala de aula. É uma incentivadora da inclusão digital nas escolas do campo, mas admite não ser fácil derrubar a resistência de muitos professores em utilizar as ferramentas, principalmente, por falta de conhecimento sobre como manusear tais recursos. Para motivar professores e alunos, costuma registrar em vídeo as atividades escolares.
Uma outra luta da diretora é a busca pela valorização da cultura local. Com este objetivo, uma das ações tem sido buscar parcerias na área da educação ambiental com o Parque Natural do Tupancy responsável por abrigar uma rica diversidade da flora e fauna remanescente da Mata Atlântica.
O incentivo à leitura também tem se firmado como atividade marcante no cotidiano da professora. Dentre os projetos neste segmento da valorização das artes está o Poesia, Mate e Prosa desenvolvido na Biblioteca Pública. Uma vez por semana, um grupo de professoras aposentadas se reúne no local para ler, escrever e discutir poesias, outra paixão da diretora.
As gravações do documentário “Lavadeiras: o Viver das Águas” começaram na terça-feira (16/09) e prosseguirão até quinta-feira (18/09).
Confira o depoimento da diretora gravado em fevereiro durante a oficina audiovisual em preparação para a filmagem, no Rio de Janeiro.