A previsão era de chuva. Mas apesar da sentença da meteorologia e do entardecer nublado, o dia carregava a esperança de uma noite de tempo estiado na pequena Corumbataí, em São Paulo. Durante a montagem, pedidos em oração: Clareia, Santa Clara. As pessoas começaram a chegar à sessão aberta e gratuita marcada para acontecer no meio da rua. A Avenida Um, que também seria vista na telona, também esperava pelo grande momento.
Moradores do município e de outras cidades próximas queriam prestigiar a doce e talentosa diretora do filme “A Mãe dos Vaga-Lumes”, Alcinéia Marcucci. Desde a sua seleção na quinta edição do Concurso Nacional de Histórias, em 2013, a artista plástica e professora de arte de uma escola de ensino fundamental da cidade começou a sensibilizar as pessoas para a alegria de contar uma história e transformar em filme. O grande dia da apresentação chegara.
A sessão estava cheia quando a chuva começou a cair. Não chegou tímida. De modo torrencial, como um céu de verão, as nuvens se derramaram sobre a cidade como se também quisessem fazer parte desta festa. As pessoas se acomodaram em marquises e sombrinhas, se aproximaram ainda mais umas das outras, e não arredaram o pé da Avenida Um.
Mesmo com a chuva querendo tomar todo o espaço, o público não se intimidou e manteve a expectativa para a grande sessão. Ficou evidente o desejo de ver o filme da terra. Derrame suas bênçãos, São Pedro! O espírito de união e de colaboração da comunidade foi emocionante e demonstrou esse jeito simples e solidário de viver e conviver das pequenas cidades.
E debaixo de chuva, os espectadores assistiram uma, duas, três vezes ao filme, encantados com a magia de estar na tela, dentro de uma história gravada no lugar onde nasceram e cresceram.
A produção precisou driblar a chuva para garantir a projeção. E de um jeito diferente, tudo deu certo. A professora de Língua Portuguesa, Cátia Martinez, que mora na cidade desde os dois anos de idade, resume o que sentiu: “Eu fiquei emocionada, chorei bastante ao ver na tela pessoas da minha cidade, crianças da nossa comunidade, colegas que convivem com a gente e que encontramos na padaria, na rua, na farmácia, na praça. Eu que ando desde criança naquela rua, ver este lugar no filme foi indescritível”.
Valeu, Corumbataí!
Confira o depoimento da diretora de A Mãe dos Vagalumes
Gostaria de agradecer à todos que foram prestigiar a estreia do nosso filme em Corumbataí! Agradeço à todos que saíram de suas casas para prestigiar, participar e apoiar o nosso filme! Foi emocionante ver que mesmo com a chuva chegando intensamente bem na hora da exibição a população ali permaneceu até o término do filme e alguns ainda solicitaram para o filme ser exibido mais duas vezes!
Ver as pessoas no palco divulgando a nossa cultura mesmo com início da chuva, os meninos dando apoio no som para as meninas da Catira dançarem foi demais!!! Os cantores da nossa cidade e de Ajapi e o Luis Antonio que decorou o palco para nós, agradeço de coração! A chegada do Revelando os Brasis só foi possível aqui em Corumbataí para exibir o nosso filme graças ao apoio direto de muitos corumbataienses que trabalharam meses e meses para dar vida ao nosso filme!
Tudo iniciou com uma equipe de produção impecável e prestativa composta por três lindas mulheres que desde que voltei do Rio passaram a se reunir semanalmente para preparar os detalhes do filme, e tudo foi crescendo. Chegaram os atores, conseguimos vinte figurantes para os vaga-lumes, figurantes de rua, crianças para cantarem no coral, outras pessoas para ensaiarem as crianças, artistas locais participando da trilha sonora e dando apoio. Vi ator se tornando apoiador e produtor também e cada vez abraçando mais essa ideia de dar vida para um filme que retrata um pouco da cultura, paisagens e fatos reais da nossa pequena cidade!
São oitenta pessoas diretamente envolvidas! Gostaria de agradecer por nomes, mas tenho medo de esquecer de alguém. Minha tia cedeu parte da locação e lá vivemos momentos incríveis! Tivemos momentos de emoção nas gravações como a cena em que a avó benzedeira aparece vestindo o vestido e usando o lenço que a minha avó realmente usava, foi preciso conter a emoção para continuar a gravar, tivemos aventuras, tombo de carroça, ensaios dos vaga-lumes na praça, toda a equipe passou muito frio durante as filmagens que iam muitas vezes até de madrugada! As crianças se envolveram demais na história, os atores impecáveis, e toda a equipe de produção do filme maravilhosa!!!
Nos dias intensos de filmagens tivemos grande apoio do Juarez Pavelak e do Evandro Fraga que se dedicaram imensamente no nosso filme, além de todos os participantes do filme admirarem a atenção e generosidade deles conosco. Na edição em São Paulo tivemos apoio de Fernando Coster que foi detalhista na edição e teve muito cuidado com o nosso filme!
Com o apoio do Instituto Marlin Azul, idealizador do projeto Revelando os Brasis! Nosso filme surgiu, foi produzido e finalizado e agora está aí eternizando um pedaço da nossa história e emoções vividas nesse processo de produção!!!
Agradeço à todos que apoiaram a produção deste filme! Graças à Deus, mais de oitenta pessoas abraçaram essa ideia! Fiquei muito feliz de toda a equipe do Instituto Marlin Azul que sempre teve tanta atenção com nós Revelandos estar aqui representados pela Beatriz Lindenberg, de podermos rever o Juarez, pois o período de gravação foi intenso, e todos sentiram muita saudade dele e do Evandro, assim como nós que participamos, relembramos com muitas saudades do período de gravações!
E agora o filme está aí! Agora o filme é NOSSO! De todos nós corumbataienses! Todos nós que nos desdobramos para dar vida à esse filme!!!!Agradeço à todos que sei que sabem de todo o processo de surgimento deste filme e tudo que junto sonhamos e vivemos para agora ele se Revelar para todo o país!
Obrigada imensamente! A chuva veio para abençoar!
Alcinéia Marcucci