Os 40 selecionados para essa quarta edição do projeto Revelando os Brasis fizeram, na manhã do último sábado, um bate-papo animado em que avaliaram os primeiros dias de trabalho nas oficinas de roteiro e direção. Animado com o trabalho já desenvolvido até agora, o grupo está empolgado com as perspectivas para os próximos dias.
Muitos dos integrantes dessa seleção têm experiência prévia com teatro e literatura e se mostraram surpresos com as grandes diferenças que existem entre essas duas artes e o cinema. Hilda Maria dos Santos, de Terenos, Mato Grosso do Sul, é uma delas. Ela contou aos colegas que, durante as aulas da última semana, teve dificuldade em sair do mundo literário para habitar o espaço cinematográfico. “Eu tive dificuldade de abandonar o meu eu. Esqueci que tinha que falar do presente do personagem”, conta ela. Mas a ajuda das duplas Eduardo Valente e Paulo Halm (na ficção) e Luelane Correa e Sérgio Sanz (no documentário) ajudaram todos os participantes. “Foi difícil pra mim, mas eu estou conseguindo”, finalizou Hilda.
Outra diferença sentida entre a literatura e o cinema foi a quantidade de trabalho necessária por trás de cada obra pronta. “Eu pensava muito pequeno, só na história, no viés literário. Agora já estou vendo de uma forma diferente e vejo que é muito trabalho”, contou Dircélia Nicoluzi, de Irinópolis, Santa Catarina. O trabalho, que trás consigo uma equipe, é visto com muitos bons olhos pelo grupo, que está animado em levar suas ideias para casa e dividi-las com os outros moradores de suas cidades. Alguns dos alunos já estão se programando para levar oficinas para seus municípios e espalhar a cultura do cinema pelo país.
Ao fim, a conversa esquentou e falou-se até mesmo de políticas públicas para o incentivo da produção e da difusão de cinema e arte no país. As 40 vozes presentes, em seus muitos sotaques, pensam e têm compartilhado nos últimos dias centenas de ideias entre si. O que fica em comum entre todos é o olhar otimista para o futuro, tanto do trabalho, quanto da presença do cinema e da cultura em suas vidas. Maria Filomena, a Filó, de Correntes, Pernambuco, fechou o bate-papo sob aplausos, declarando vigorosa: “Depois daqui, eu passo por cima de tudo!”
E o trabalho continua com empolgação. Dali, o grupo seguiu para mais um dia de aula, focando-se agora nos aspectos práticos da produção. No domingo, terão seu único dia de folga, quando irão passear pelo Rio de Janeiro e conhecer um pouco melhor suas maravilhas. Serão energias recarregadas para a semana que começa.