Depois de transformar as histórias em roteiro e de começar a pensar nas etapas de produção do filme, os moradores de pequenas cidades selecionados pelo Revelando os Brasis Ano V encararam outro desafio: aprender a traduzir o que contaram em imagens. A direção de fotografia foi o tema das aulas ministradas pelos professores Alex Araripe e Juarez Pavelak. As Oficinas Audiovisuais começaram no dia 10 de fevereiro e prosseguirão até 22 de fevereiro, no Centro Cultural da UERJ, no Rio de Janeiro.
Segundo Araripe, a ideia das aulas é proporcionar aos selecionados o aprendizado das questões básicas da fotografia como recurso narrativo. “Conversamos sobre movimentos de câmera, composição, direção e natureza da luz, etc. A intenção é mostrar como estes conhecimentos podem funcionar como ferramenta para transformar ideias em imagens na hora de contar uma história”, comenta Araripe, formado em cinema pela Universidade Federal Fluminense, com experiência no ensino da fotografia e de iluminação e com atuação nas áreas de TV, publicidade e cinema.
Distribuídas entre os gêneros documentário e ficção, os temas compõem um mosaico marcado pela diversidade regional brasileira. “As histórias são muito legais. Algumas mostram a dimensão humana. Outras mostram lugares. Existem diversos elementos interessantes para se trabalhar a fotografia”, ressalta Araripe sobre as motivações dos autores.
Uma das alunas é a professora de Português e Literatura Luzia de Queiroz Cassiano. Ela saiu de Douradina, no Paraná, para participar das oficinas, na capital carioca. Selecionada pela quinta edição, a autora apresentará a vida de Lucia, uma senhora de 80 anos conhecida na pequena cidade paranaense por seu amor pela poesia. Luzia conta que a história foi construída coletivamente, em parceria com alunos e professores. Sempre atenta e empolgada na oficina, ela destaca a importância da aula de direção de fotografia para o fechamento do roteiro.
“Eu ainda não estava conseguindo fazer o link da história com as imagens. Havia um nó na cabeça. A aula de direção de fotografia foi um respiro. Antes, eu não tinha certeza se o que eu propunha no roteiro estava certo. E durante a aula, recebemos informações específicas e individualizadas para a solução das questões de cada filme. Nos deu uma tranquilidade maior, mas, ao mesmo tempo, aumentou a responsabilidade porque descobrimos que fazer um filme envolve muitos detalhes que ultrapassam a história escrita. Descobrimos que um filme é formado por fragmentos, por pedaços que depois são colados. As imagens no cinema não são organizadas como as palavras na literatura. Cinema é uma colcha de retalhos”, avalia a professora de Literatura.
Quem também acompanhou as orientações sobre direção de fotografia foi Alcinéia Marcucci, moradora de Corumbataí, em São Paulo. Selecionada com a história “A Mãe dos Vaga-Lumes”, a professora não perde um detalhe das aulas. Para facilitar o entendimento sobre os planos, ela montou o storyboard do curta-metragem. Segundo ela, as dicas sobre a direção de fotografia a ajudaram a observar elementos antes imperceptíveis. “A aula nos ajudou a aguçar o olhar neste sentido de observar os planos. Nos deu uma noção das cores na construção de uma imagem. Me trouxe uma informação que eu não conhecia. Às vezes, você assiste a um filme e não imagina que existem tantas técnicas por traz da realização. Vi além da câmera e do olhar de quem está fotografando, desvendando esta técnica, este conhecimento, este estudo que envolve a direção de fotografia”, detalha Alcinéia, que participou das aulas ministradas pelo professor Juarez Pavelak, diretor de fotografia, formado em cinema pela Universidade Estácio de Sá. Ele atuou como fotógrafo still por mais de dez anos, foi assistente de câmera e trabalhou em documentários e ficções, passando por videoclipes, comerciais e institucionais, misturando a experiência com película e os estudos e a prática com as tecnologias digitais.