Revelando os Brasis | Cineasta Luelane Corrêa orienta oficina de documentário

EDIÇÃO - Ano VI

Cineasta Luelane Corrêa orienta oficina de documentário

 

A combinação da realidade dura e a doce poesia de quem se dedica a viver da música no circuito boêmio das noites cariocas guarda a essência do documentário Áurea, do diretor Zeca Ferreira. A obra revela fragmentos do cotidiano da cantora Áurea Martins, nascida no bairro Campo Grande, zona leste da cidade do Rio de Janeiro.

Lançado em 2010, o filme foi exibido nesta quarta-feira (16/08) na abertura do segundo dia da aula de roteiro, ministrada pela roteirista, diretora e montadora de cinema, Luelane Corrêa, dentro da programação das Oficinas de Realização Audiovisual do Revelando os Brasis VI.

O objetivo do curso é ajudar os autores selecionados nos pequenos municípios com até 20 mil habitantes a organizar as histórias a partir da linguagem documental. Ao analisar o curta-metragem, a professora destacou o tipo de olhar escolhido pelo diretor para mostrar um dos aspectos da vida da protagonista vinda do mundo real.

“Entendemos o documentário como registro da realidade sem o uso atores para representar uma situação. O realizador trabalha com o que chamamos de  atores naturais. Isso não aumenta a verdade do que se está falando. Você pode fazer um “documentário mentiroso”, por exemplo. Afinal, tudo é filme. Com o tempo, a separação entre documentário e ficção foi sendo desconstruída porque estas linguagens podem se misturar.”, orienta Luelane.

Segundo a professora, no momento de se construir um documentário, é necessário fazer um recorte do assunto para não se correr o risco de tentar falar de tudo e acabar não abordando nada. Na obra Áurea, o diretor optou por utilizar uma linguagem mais poética e por tomar decisões técnicas, como a escolha dos planos e enquadramentos, no sentido de valorizar de modo mais intimista a cantora e sua música, numa articulação de documentário e ficção.

No decorrer da semana, os autores estão estudando os principais conceitos para a construção de um filme como a relação do tempo e do espaço, o conceito de elipse temporal, a escolha dos assuntos a serem tratados pelos personagens, as técnicas de narrativa, a seleção das locações onde serão gravadas as cenas, dentre outras temáticas. Após o estudo do roteiro, os participantes ainda terão aulas de direção, produção, fotografia, direção de arte, som, comunicação e mobilização. As oficinas prosseguirão até 27 de agosto.

Saiba mais sobre a professora – Luelane Loiola é formada em Cinema pela Universidade Federal Fluminense. Dirigiu os documentários “Como se Morre no Cinema”, “Sol de Oro no Festival de Biarritz” (vencedor de 11 prêmios nacionais), “A Cidade e o Poeta”, “Machado de Assis” e “Rio, 39,6 Graus”. Montadora e assistente de direção, trabalha com Nelson Pereira dos Santos desde o filme “Memórias do Cárcere”.

Assina a montagem de “A Música segundo Tom Jobim”. Foi diretora assistente nos filmes de Hugo Carvana, com quem trabalhou desde “O Homem Nu”. Recebeu prêmio de Melhor Montagem pelos filmes “Áurea”, de Zeca Ferreira, “O Quinze”, de Jurandir Oliveira e “Rio de Memórias”, de José Inácio Parente. Atua como orientadora de roteiro e direção do Revelando os Brasis desde a primeira edição do projeto.

Foto: Ratão Diniz/Instituto Marlin Azul

 

 
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