Revelando os Brasis | O SABOR PREFERIDO DO SUL NAS TELAS DO CINEMA

EDIÇÃO - Ano IV

O SABOR PREFERIDO DO SUL NAS TELAS DO CINEMA

Com um curto caule cinza e as folhas ovais, a planta de frutos pequenos verdes ou vermelho-arroxeados nasceu na Mata Atlântica. Os índios guaranis foram os primeiros a apreciar a infusão das folhas, logo seguidos pelos desbravadores brancos empolgados com os efeitos nutritivos, estimulantes e digestivos. É conhecida cientificamente como Ilex Paraguariensis, pode ser encontrada nas matas dos estados do sul do país e tornou-se tradição nos encontros sociais. Tais características pertencem à erva-mate, tema central do vídeo “Doce Amargo”, de Vanderlei Belmiro da Silva, morador de Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina.
Selecionada pela quarta edição do Revelando os Brasis, a história mostra os diferentes aspectos econômicos, sociais e culturais da erva-mate na vida das comunidades sulistas. Se por um lado, a extração e o transporte da planta exigem muito sacrifício do erveiro, porém, por outro, a erva-mate é motivo suficiente para reunir e integrar parentes, familiares e amigos. “Quero mostrar a importância da erva-mate no dia a dia da comunidade. O chimarrão, nome dado à bebida derivada do mate, faz parte do cotidiano, liga as pessoas que se reúnem para conversar, contar causos”, salienta o diretor.
O filme destaca o envolvimento dos moradores com o cultivo, beneficiamento e a comercialização da erva-mate e a apreciação das pessoas pelo sabor e o prazer despertados pelo chimarrão. Para mostrar este universo, a ficção contará a história de Balduíno, um erveiro dedicado ao trabalho e à família. Casado com Rosa e pai de Ana, o trabalhador desperta naquela manhã para mais um dia de lida no corte e no preparo de secagem da erva-mate. Como acontece diariamente, ele viajará de caminhão até a estrada de acesso à mata e, depois, irá caminhar no meio da floresta em busca da erva. Em seguida, cortará os galhos até formar montes que podem chegar a 50 quilos e que terá de carregar nas costas até o veículo. Mas, naquele dia, em especial, Balduíno aguarda receber o dinheiro do trabalho extra para comprar a bicicleta tão sonhada pela filha. Com a história, o filme também pretende destacar a vida simples do erveiro e seus valores familiares.
Gravação – Trinta pessoas participaram da produção e da gravação. O trabalho de captação das cenas despertou a curiosidade dos moradores da cidade. A produção precisou resolver problemas inesperados em poucas horas como a perda de uma das casas que abrigaria uma das locações. A solução foi arrumar duas casas, uma para as cenas internas e outra para as cenas externas previstas no roteiro, e arrumar o cenário novamente. Empolgado com os desafios das filmagens, o diretor contou como é necessário estar preparado também para resolver imprevistos. “Você faz o planejamento e o roteiro, mas nem sempre consegue seguir à risca o plano. E tem que resolver a situação na hora que surge”, relata Vanderlei. Desde o curso, no Rio de Janeiro, o diretor tem gostado cada vez mais da experiência de fazer filmes. Depois de se dedicar às gravações, Vanderlei tem se empenhado nas atividades de edição das cenas. Para valorizar ainda mais a cultura local, o filme contará na trilha sonora com o talento de artistas da terra como a dupla sertaneja Celso e Cassiano e o Professor Valdir.
O diretor – Vanderlei Belmiro da Silva é policial militar, bacharel em Pedagogia com Pós-Graduação em Educação. Trabalha com arte desde 1994, quando começou a fazer animação de festas como palhaço, início de seu trabalho também com o teatro. Fundou o grupo Arco-Íris, que dirige até hoje. Estimulou a criação do Ponto de Cultura e do Cine Mais Cultura em sua cidade e, desde então, vem conciliando a atividade de policial militar com a de ator, palhaço e agitador cultural. Além disso, é presidente do Conselho Municipal de Cultura. Seu primeiro contato com audiovisual se deu recentemente, através de uma oficina que participou na cidade. Vem se inscrevendo no Revelando os Brasis desde a segunda edição, mas só agora foi selecionado. Com a história, pretende mostrar para as pessoas de região onde vive que é possível levar o trabalho com cultura à frente. Durante as oficinas, mudou bastante seu roteiro, enchendo-o de ideias novas provindas dos conhecimentos recém-adquiridos, especialmente as noções técnicas de câmera, cenário e figurinos. Daqui pra frente, não pretende deixar o cinema de lado. Já tem novas ideias para filmes futuros e quer divulgar a cidade para vários lugares através desses filmes.

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