Homens se vestem de mulheres e dançam de costas, confundindo, assim, seus senhores e evitando o assédio contras as mulheres escravizadas durante o período escravocrata brasileiro. Assim surgiu a “Nega da Costa”, folclore tradicional alagoano que agora é transformado em filme no Revelando os Brasis. A direção é de Joelson de Oliveira, morador de Quebrangulo (AL), selecionado na sexta edição do projeto.
“Durante o processo de filmagem passamos por momentos emocionantes e inesquecíveis. Foi o meu primeiro contato com o fazer cinema e eu não tinha ideia da riqueza de detalhes necessária para fazer um filme”, conta Joelson. O grupo folclórico, que geralmente desfila nos dias de carnaval, é composto por homens com vestidos longos e brancos e com a pele pintada de preto. Antigamente, o carvão socado no pilão era utilizado nesse processo. Atualmente, o grupo se pinta com tinta a base d’água. “Outra coisa que me deu entusiasmo pra seguir em frente em cada cena filmada foi ver amigos e a minha comunidade participando, ajudando e construindo juntos nossa própria história em um filme”, relata o diretor.
Cerca de 30 pessoas participaram das gravações de “Nega da Costa” entre os dias 10 e 12 de dezembro. Para Joelson, o maior desafio foi a complexidade de fazer as cenas de ficção, com a direção de atores. As cenas gravadas, no entanto, deixaram a equipe animada. “Estou muito feliz com o resultado processo de filmagem. Passamos por momentos emocionantes e inesquecíveis. Não é apenas um filme, é a história de nosso povo”, avalia o diretor. O filme entra agora na fase de edição e será lançado dentro do Circuito Nacional de Exibição, no primeiro semestre de 2018.
Fotos: Gustavo Louzada/Instituto Marlin Azul