Revelando os Brasis | Tesouros guardados estrada afora

EDIÇÃO - Ano VI

Tesouros guardados estrada afora

Comunidades reunidas em ruas e praças, sessões cheias de gente de todas as idades e a experiência de assistir na telona a histórias contadas em forma de ficções e documentários. Quanto mais estrada o caminhão-cinema percorre mais lembranças são guardadas na memória desta sexta edição do Circuito Nacional do Revelando os Brasis.

Também é no caminho entre uma pequena cidade e outra que os Brasis se revelam. Depois das bençãos das montanhas, em Vargem Alta, dos Três Pontões, em Laranja da Terra, e das praias de Regência (Linhares) e Guriri (São Mateus), no Espírito Santo, o caminhão partiu em busca do sertão mineiro, onde despontam as veredas do escritor Guimarães Rosa. Para chegar à  sessão em Urucuia, Minas Gerais, o caminhão-cinema embarcou na balsa, no Vilarejo de São Francisco.

Ao longo do percurso, encontrou mais vezes o velho Chico, o maior rio em território brasileiro, com 2.800 quilômetros de extensão. Outra travessia aconteceu em Bom Jesus da Lapa, na Bahia, e a terceira entre os estados de Sergipe e Alagoas, na altura do Canindé de São Francisco. Nesta trajetória entre o Sudeste e o Nordeste, a caravana se rendeu à poesia delicada feita de cor das árvores do cerrado mineiro.

Ainda com os tons de amarelo e lilás na lembrança, o caminhão-cinema avançou pelo estado baiano até encontrar a imponência da Chapada Diamantina. A bela, histórica e cultural Lençóis, na Bahia, marcou a viagem com seu conjunto arquitetônico e paisagístico de tirar o fôlego.

Com o pé na estrada, a caravana cortava a geografia enquanto ía reunindo histórias como a da escola que ensina em parceria com a família e a comunidade, em São José do Jacuípe, na Bahia, e a dos negros que na época da escravidão se vestiam de mulher para enganar os senhores de engenho que escolhiam as escravas nas noites de festa, em Quebrangulo, no estado de Alagoas.

Nesta jornada de cinema não faltou a Roliúde Nordestina, em Cabaceiras, na Paraíba! Afinal, os brasis esbanjam lendas, tradições, costumes, personagens e histórias pra serem transformados em filme.  Ali bem pertinho, em São Domingos do Cariri, a comunidade vibrou com o filme baseado numa lenda misteriosa contada na região, a Rasga Mortalha.

Depois de 18 dias na estrada, o caminhão-cinema saiu do cariri paraibano para reencontrar a pequena Icapuí, no Ceará, onde o Circuito de Exibição do Revelando os Brasis esteve, na primeira edição do projeto, há 14 anos. Quem recebeu a caravana de braços abertos e uma acolhida contagiante foi a comunidade da Praia de Ponta Grossa. Com os pés enterrados na areia macia, a equipe matou um pouquinho a saudade desta terra de mar quente, vento no rosto, coqueiros e falésias exuberantes.

Até 11 de outubro, a caravana tem muito chão pela frente e territórios infinitos pra redescobrir. O cinema em ruas e praças de municípios brasileiros pequenos com até 20 mil habitantes ainda desembarcará nos estados do Pará, Tocantins, Mato Grosso, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais.

Fotos: Ratão Diniz e Gustavo Louzada

 
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