Revelando os Brasis | Tocando um Baixo

EDIÇÃO - Ano IV

Tocando um Baixo

As belezas naturais da orla de Jacumã, no município de Conde, não são as únicas riquezas do balneário turístico, localizado na Paraíba. A tradição de dividir a pesca entre as famílias dos pescadores sobrevive à passagem das gerações. Este gesto de solidariedade e integração comunitária é o tema do documentário “Tocando um Baixo”, dirigido pela babá e estudante de Enfermagem, Katiane Alves dos Anjos. A história é uma das selecionadas pela quarta edição do Revelando os Brasis.

Em Jacumã, os moradores “tocam o baixo” ou “batem o baixo” todas as vezes que um bote volta do mar. Ninguém sabe ao certo como o costume começou, mas consiste em dividir o pescado com os demais. Assim, quando o barco chega à praia, se a pescaria foi boa, o pescador divide parte do alimento com as famílias mais carentes e com a tripulação e guarda o restante para vender ou para o seu consumo. Se a pescaria não foi tão proveitosa, quem recebe pouco compreende. O ritual garante ao pescador de Jacumã que, se algum dia ele não voltar pra casa, sua mulher e filhos terão alimento garantido por outros amigos do mar.

As gravações – Inicialmente, muitos moradores do balneário não acreditaram que a comunidade seria tema de um filme. Com a chegada da equipe de filmagem, a descrença se desfez. O documentário reúne depoimentos de pescadores e de familiares destes trabalhadores sobre a tradição de “tocar um baixo”. Uma das personagens, Dona Cleonice Alves dos Anjos , de 66 anos, ficou viúva aos 35. No filme, ela relata que criou os nove filhos graças ao respeito da comunidade ao ritual. Para mostrar como é realizada a tradição, a equipe precisou contar com as forças da natureza. Isso porque o tempo chuvoso provocou o adiamento da filmagem por vários dias.

De acordo com Katiane, os pescadores saem para pescar, geralmente, no meio da madrugada e retornam à noite, ou podem permanecer no mar por cinco dias. Quando começam a voltar para praia e os barcos estão carregados com muitos peixes, os pescadores avisam através do rádio à colônia que passa a mensagem aos moradores.

“A última cena que mostra a comunidade “tocando um baixo” foi a mais complicada porque não dependia somente da equipe, mas de várias pessoas envolvidas no ritual. Não foi fácil reunir todo mundo no mesmo dia”, descreve bem-humorada. Agora, todos estão ansiosos para assistir o filme na tela grande. Segundo a diretora, o objetivo do documentário é contar como vivem os moradores de Jacumã e mostrar para as pessoas que é possível realizar seus sonhos.

A diretora – Katiane Alves dos Anjos cursa Enfermagem na Faculdade Unida da Paraíba. Além de estudar, cuida do bebê de uma amiga. Faz parte da Colônia de Pescadores e soube do Revelando os Brasis através de uma amiga que, há dois anos, ministrou uma oficina audiovisual na cidade. Na ocasião, Katiane participou da pesquisa de locações e de personagens do documentário de curta-metragem sobre comunidades ribeirinhas. Foi desse encontro que se animou a mandar sua história para o projeto, a fim de falar sobre aquela realidade do seu ponto de vista.

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